Artigo - Photoshop completa 20 Anos!! - Blogão do Design



Hoje, um dos softwares mais famosos da história faz 20 anos de sucesso ininterrupto. Não é preciso explicar em minúcias o que é o Adobe Photoshop, pois ele está envolvido em todo tipo de produção visual impressa, em vídeo ou na Internet. Computadores participam de todo o processo criativo; o Photoshop está sempre presente como caixa de ferramentas virtual para o designer, artista, fotógrafo, ilustrador ou engenheiro.



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O Photoshop surgiu comercialmente como um software de retoque para fotografias digitalizadas em scanners. O próprio scanner era uma curiosidade rara em 1990. Mas as funções de edição de imagem do primeiro e humilde Photoshop já eram poderosas e fascinantes – vislumbres de um infinito potencial artístico.

O talento do programa consolidou-se com a adição de recursos de design, composição e automação. Uma vantagem importante desde o início foi a possibilidade de acrescentar funções novas através de plug-ins; foi daí, aliás, que surgiu a ideia de extensões que temos hoje em navegadores da Web. Os primeiros filtros e funções de edição do Photoshop continuam disponíveis na versão mais atual, mas raramente encontram aplicação, pois foram suplantados por outros mais modernos e eficazes. A acumulação de funções ao longo de duas décadas explica porque partes do programa são arcaicas e obscuras, enquanto outras parecem transplantadas de algum outro lugar.

A história
O Adobe Photoshop começou como projeto diletante de um par de irmãos norte-americanos, fãs de fotografia por influência paterna. John Knoll era então, como ainda é hoje, um supervisor de efeitos visuais da Industrial Light & Magic, a empresa pioneira fundada por George Lucas. Em 1987, ele estava investigando a possibilidade de usar sistemas computadorizados para gerar e manipular imagens de efeitos visuais para filmes. Além da computação gráfica em 3D, ele esperava também poder fazer retoques localizados e alterações tonais – um campo então pouco explorado da manipulação visual. Aplicações em fotografia e design nem passavam por sua cabeça inicialmente. Thomas Knoll cursava engenharia na universidade de Michigan. Estava criando em seu Mac Plus um software de processamento de imagem para sua tese de doutorado. O nome do programinha era Display, porque sua função original era simular tons de cinza na tela do Mac, que só suportava pixels totalmente brancos ou pretos.

John viu um potencial comercial ali e incentivou o irmão a colocar mais funções ao programa. Thomas trancou a faculdade e mergulhou no projeto. A primeira versão do aplicativo com uma aparência mais acabada, chamada ImagePro, rodou em setembro de 1988. Nessa altura, o software já era mais avançado que aquilo que então existia no mercado. John foi procurar alguma empresa de software ndo Vale do Silício para fazer um acordo de comercialização para o produto.

O programa, renomeado para PhotoShop (inicialmente com S maiúsculo), foi distribuído por um fabricante de scanners chamado BarneyScan. Seis meses depois, porém, os irmãos fecharam um novo acordo com a Adobe, empresa que fizera fama e fortuna com o sistema PostScript de impressão computadorizada. A Adobe acolheu o produto sem adquiri-lo, pagando royalties aos irmãos. O Photoshop da Adobe foi oficialmente lançado após dez meses de desenvolvimento adicional, em 10 de fevereiro de 1990, somente para Apple Macintosh.

A Adobe plantou o Photoshop no mercado sem pretensões exageradas, com uma confiança tranquila de que ele poderia dar frutos mais adiante. E efetivamente, o Photoshop estabeleceu-se como líder absoluto em seu segmento, obliterando muitos concorrentes, cujos nomes hoje estão esquecidos. Alguns deles, como Altamira Composer e Macromedia XRes, chegaram a ser mais avançados que o Photoshop em sua época, mas não resistiram à concorrência.

O sucesso da Apple e da Adobe entre profissionais de imagem digital, bem como as infinitas ramificações desse sucesso em toda a indústria criativa do mundo, devem muito ao desenvolvimento inicial do Photoshop no Mac. Mas na versão 2.0 o Photoshop também foi lançado para Windows. As duas edições do programa sempre tiveram paridade de funções.

Laboratório fotográfico
Quando o Photoshop surgiu, a edição digital de imagem avançada era um negócio extremamente caro e restrito a sistemas dedicados. O que existia de mais avançado em seu tempo era o Scitex, equipamento de prepress (processamento para impressão) desenvolvido em Israel. Um scanner de mesa em 1989 custava entre 5 mil e 12 mil dólares. O BarneyScan, digitalizador de slides que trazia como brinde a primeira versão pública do Photoshop, custava US$ 5 mil. Impressoras coloridas por transferência térmica (a mesma tecnologia presente em modelos atuais da linha Xerox Phaser) saíam por até 20 mil dólares. Um Mac da linha profissional, dotado dos periféricos necessários (monitor de alta resolução, placa de vídeo, unidade externa de disco e expansão de memória) custava no mínimo uns US$ 10 mil. Tudo isso apenas para fazer diagramações preliminares que depois seriam reconstruídas ou completadas no computador de prepress, já que as máquinas de mesa ainda não davam conta de toda a tarefa.

Bastaram cinco anos para um computador de mesa conseguir produzir saída final para a gráfica e o Photoshop, então um aplicativo ainda simples e entregue na forma de três disquetes, virar o jogo e dar ao povo o poder de criar arte digital. A partir da versão 2.0, o Photoshop passou a integrar o departamento de arte das redações mais progressistas. Nada mais de deixar o processamento das imagens por conta do bureau de prepress.

A versão 3.0, com a sua concepção de camadas, alterou para sempre a cara da arte digital e consagrou-se também como ferramenta de composição. Sua chegada coincidiu com uma nova geração de PCs (Pentium) e Macs (PowerPC) muito mais poderosos e capazes de lidar com arquivos de imagem complexos. Foi também nessa época que o mercado de plug-ins de filtros criativos entrou no seu auge.

A revolução seguinte foi na Web; a versão 5.5 e o programa auxiliar ImageReady vieram especificamente para otimizar a exportação de imagens GIF, PNG e JPG. Por fim, na versão 7, ele sacudiu o mundo da fotografia com o suporte a arquivos RAW de câmeras digitais. Desde então, o desenvolvimento do Photoshop teve como preocupação básica integrá-lo aos demais programas da chamada Creative Suite da Adobe, mantendo-o na sua posição de liderança indisputada.

Guerra contra o excesso de retoque
O impacto cultural do Photoshop não pode ser avaliado superficialmente, já que ele é usado para tratar absolutamente toda espécie de imagem, incluindo as que não têm problemas óbvios. Manipulações de imagem tão perfeitas que somente especialistas podem detectar e denunciar geram polêmicas constantes, principalmente no campo da moda.

Os retoques começaram a incomodar para valer nesta década, a ponto de suscitar o surgimento de um lobby parlamentar na Europa. Há um projeto de lei na França que, caso seja aprovado, tornará obrigatório colocar nas fotos de moda retocadas uma caixa de advertência ao estilo da usada em embalagens de cigarros, sob pena de multa, contendo um texto nesta linha: Fotografia retocada com o objetivo de alterar a aparência física da pessoa. No Reino Unido também existe gente se mobilizando para apoiar uma iniciativa na mesma linha.

O fato cabal é que as foto-manipulações são tão generalizadas que não se pode esperar que o público tenha consciência delas a toda vez que contempla uma imagem na mídia. Por isso, a ideia de regular o uso de Photoshop com legislação pode parecer extrema, mas tem sua razão de ser, quando vista pelo ponto de vista da saúde pública. A ideia dos franceses é proteger o bem-estar mental de adolescentes e jovens mulheres que são diariamente bombardeadas por imagens excessivamente perfeitas de belezas impossíveis, apontadas por psicólogos como deflagradoras de distúrbios emocionais, distorções na percepção da própria imagem, anorexia, bulimia e suicídios.

Em resposta e apoio a esse cerco crescente contra a beleza artificial, está surgindo entre fotógrafos de moda a nova tendência de publicar fotos declaradamente sem retoque nenhum. Essa ideia já foi promovida por revistas de prestígio como a Elle, que em abril de 2009 publicou três capas de modelos famosas sem retoque.

No fotojornalismo, fraudes puras e simples ainda aparecem de tempos em tempos. Um dos mais notáveis em tempos recentes foi a foto do lançamento de mísseis iranianos, adulterada pela imprensa estatal do Irã e prontamente denunciada em todo o mundo.

Num tom mais divertido, o blog Photoshop Disasters cataloga e comenta erros de retoques em imagens enviadas do mundo inteiro e conta com vários exemplos nossos, incluindo capas da Veja e da Playboy brasileira.

Hoje e além
John Knoll continua na ILM e Thomas permanece envolvido com o Photoshop. Sua mais recente invenção é o plug-in Camera Raw. O Photoshop também gerou duas crias importantes sob a tutela de Knoll: Elements, uma versão não-profissional, porém repleta de utilidades; e Lightroom, uma recriação completa do programa para atender especificamente aos fotógrafos.

A ideia do Camera Raw, um plug-in capaz de extrair e converter imagens puras (não processadas) de muitos modelos de câmeras digitais, surgiu durante uma viagem de férias de Thomas com sua família à Itália. Em vez de descansar, ele passou a viagem inteira tirando fotos de teste numa câmera profissional e refinando nelas os algoritmos matemáticos necessários. O objeto de teste usado nas fotos não era uma ruína romana ou a costa mediterrânea, mas a orelha esquerda da filha dele. Segundo Knoll, ela estava por perto a qualquer momento que ele precisasse, e a orelha era uma boa referência para tonalidades de pele humana; então, por que não?

Retoques em fotografias existem desde que a própria fotografia foi inventada e sempre foram vistos como continuação natural do trabalho do laboratório de revelação. O Photoshop surgiu com ferramentas virtuais que buscavam reproduzir o ambiente do laboratório, e isso ainda pode ser visto claramente nos ícones de Crop, Dodge e Burn, por exemplo. Mas a metáfora do mundo real nunca foi dominante; o software possui uma interface bastante abstrata, que exige esforço interpretativo do usuário novato. O que não impediu que ele atingisse uma popularidade gigantesca, justificada pelos seus poderes extraordinários.

O Photoshop caiu na boca do povo porque, a exemplo de outros programas como Microsoft Windows e CorelDRAW, é um dos softwares mais pirateados pelos usuários individuais. Apesar das implicações polêmicas, é amplamente reconhecido que a difusão do programa por meios ilegais ajuda a mantê-lo na consciência das pessoas. Os programas de visualização de imagem que vêm instalados nos computadores novos permitem uma edição elementar, e também existem soluções gratuitas baseadas na Internet, sem necessidade de instalar nada. Mas o poder ilimitado do Photoshop prova ser, geração após geração de usuários, irresistível.

Evolução constante
O nome Photoshop significa, simplesmente, laboratório de revelação de fotos, indicando a sua vocação original. Hoje, suas aplicações são muito mais amplas. Confira as maiores inovações do programa nestes 20 anos:

•A versão 2, de 1992, ganhou a função de recorte (Path) e suporte a CMYK, sistema de cores usado para a impressão em papel. As duas funções o tornaram essencial para as artes gráficas.

•2.5 (1993): Primeira versão disponível para Windows, além de Irix e Solaris (duas variantes de Unix).

•3 (1994): introduziu o sistema de layers (camadas), transformando-o também num software de composição e colagem. Foi a maior inovação da história do Photoshop e eliminou da noite para o dia vários programas da concorrência.

•4 (1996): Interface de ferramentas básica usada até hoje; camadas de ajuste; Actions (macros), um método para automatizar tarefas repetitivas.

•5 (1998):
Paleta History permite, finalmente, voltar múltiplos passos na edição; textos aplicados passam a ser editáveis; gerenciamento de perfis de cor passa a funcionar dentro do programa.

•5.5 (1999): Save for Web exporta imagens otimizadas para a Internet, com o mínimo tamanho possível de arquivo; Extract ajuda com recortes difíceis, como separar cabelos de fundos.

•6 (2000):
Layers de vetores aproximam o Photoshop do Illustrator; Liquify revoluciona as edições do tipo encolhe a barriga, afina a cintura e aumenta o peito.

•7 (2002): O plug-in de importação Camera RAW, criado pelo inventor do Photoshop, tem imenso impacto entre os fotógrafos profissionais; interface exclusiva para navegar nos arquivos é embrião do atual Adobe Bridge; ferramenta Patch melhora a vida de retocadores de retratos.

•8/CS (2003): entre muitas inovações menores, há um recurso curioso que detecta e impede a impressão de scans de cédulas de dinheiro.

•9/CS2 (2005): Vanishing Point, para editar objetos em perspectiva; Lens Correction melhora fotografias; Smart Objects facilita o trabalho em montagens de grande complexidade.

•10/CS3 (2007): Interface aperfeiçoada; camadas de filtros permitem edição não-destrutiva, isto é, sem alteração direta na imagem original; novas ferramentas para análise científica; exportação direta de imagens para celulares.

•11/CS4 (2008): Mais mudanças na interface, com a opção de abrir documentos em abas; edição de fotos diretamente pelas paletas de funções; novos recursos de zoom e canvas; suporte direto a objetos gerados por programas de desenho 3D.

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